Natal um tempo feliz


F. Carminati Z.A.

Foram quatro mil anos desde a queda dos primeiros pais até vinda de Nosso Senhor A grande parte dos homens já haviam se esquecido de Deus, só um povo se manteve fiel, e mesmo entre os hebreus poucos viviam dignamente a sua fé. Todavia aqueles que conservaram as palavras divinas e que nunca descreram da promessa mantendo viva a esperança no Salvador, se alegraram com o nascimento de Jesus, como canta o Salmo 68, “Ó vós, humildes, olhai e alegrai-vos; vós que buscais a Deus, reanime-se o vosso coração”
Assim em cada Natal a felicidade enche os corações justos porque nasceu a causa da nossa esperança, o motivo da nossa fé e a razão da nossa caridade. É natal! A Luz venceu as trevas, o sorriso venceu a dor, a vida prevaleceu sobre a morte. Repetindo as palavras de São Leão Magno, “não é lícito entristecer-se, quando se comemora o nascimento da vida”.
Diante da alegria natalina, não a alegria das festas e divertimentos indiferentes à Nosso Senhor, mas, diante da autêntica alegria natalina, é impossível estar triste, porque o verdadeiro espírito de natal é um adiantamento da felicidade vindoura. 
Podemos imaginar toda a caminhada, toda empreitada do povo de Deus até o nascimento de Jesus: foram prisioneiros do faraó no Egito, cativos na Babilônia, estiveram errantes no deserto, muitas vezes foram levados a guerra, estiveram sitiados, tiveram fome e sede. Mas nada disto importava mais, porque Jesus no presépio foi a recompensa para aqueles corações cansados, o consolo por tantas lágrimas.
Também nós, se fomos perseguidos por amor da justiça, se sofremos humilhações e desprezos pela causa de Cristo, e se nos consumimos em trabalhos para Honra e Glória de seu nome, nada nos pode abater, porque Jesus no presépio é a nossa esperança, e Jesus no Sacrário é a nossa alegria.
E ainda, se temos algum motivo de tristeza, qualquer dor física ou moral, qualquer sofrimento espiritual ou corporal é consolador pensar que Deus nos amou primeiro, e com amor tão grande a ponto de nos dar o seu Unigênito. O Verbo se fez carne e habitou entre nós, Jesus nasceu no esquecimento e no desprezo para que nunca nos sentíssemos sós, chorou para consolar nosso pranto, sofreu para dividir conosco nossas dores, e para ser um de nós e um conosco.
            Com os anjos, os pastores, os reis, e principalmente com Nossa Senhora e São José, vivamos com verdadeiro espírito de fé as alegrias do Santo Natal do Senhor. “Glória a Deus nas alturas e paz na Terra aos homens de boa vontade”!

Menino da gruta


Dom José Alberto Moura, CSS
Arcebispo Metropolitano de Montes Claros – MG


Quem acreditaria que uma criança nascida num lugar de refúgio de animais e colocada no coxo de alimentação poderia ser Deus e viria trazer um novo tipo de reino na terra? A convicção de que Ele quer habitar na gruta do coração de cada ser humano faz as pessoas dessa fé  agilizar-se para tornar o fato aceito por todos! Não é possível conter a alegria da mãe desse menino, dos anjos e de quem sabe ver a ligação entre tal nascimento e a ressurreição do Cristo salvador da humanidade! Sabemos da importância e da divindade do Emanuel, justamente com sua vitória sobre o enigma da morte! Jesus veio trazer vida abundante para todo ser humano. Vale a pena contemplarmos seu Natal entre nós e aceitá-lo com todo entusiasmo!
Muitos não enxergam a natureza do Verbo feito carne, ou seja,  a comunicação de Deus com sua presença em nossa história, assumindo nossa realidade humana, porque não são capazes de olhar se não para si mesmos. A luminosidade do amor do Deus-menino faz a pessoa humana perceber  os próprios limites sendo superados pelo amor da criança nascida na gruta de Belém! Aceitar o nascimento de Jesus na própria vida é essencial para a pessoa ter certeza de que a vida vale a pena para amar, conforme o feito e ensinado por Ele. Olhar para fora de si é a solução para uma convivência promotora da vida de sentido para todos. A vida é dom de Deus para a desenvolvermos em comunhão de fraternidade, respeitando o ser do outro e da natureza.
O Menino da gruta, Deus-conosco, veio para entrar na gruta de cada ser humano, dando vida e sentido à mesma. Aceitando-O a pessoa percebe que, na transitoriedade da existência na terra, vale a pena fazer a caminhada boa para todos. Por que há concentração de riquezas e outras possibilidades nas mãos de minorias insaciáveis em querer  sempre  mais sem promover a justiça social? Por que alguns se detêm na religiosidade intimista, buscando seus interesses na busca de soluções de problemas pessoais, sem compromisso com a evangelização dos outros e a promoção da vida digna e de real cidadania para todos? Por que o uso da religião para massacrar minorias e desfocalizar o sentido da solidariedade e fraternidade entre todos? Por que o uso da política para lesar o bem comum?
Quando o nascimento de Jesus acontecer em cada pessoa, família e organização humana, teremos sua luz a fazer-nos enxergar a missão humana de construir mais solidariedade e religiosidade, que levem a promover a vida plena e de sentido para todos. Teremos mais diálogo, construção de família com a grande missão de formar base adequada à formação realmente humana de cada um. Afinal, aceitamos ser a gruta do Menino-Deus, que nos faz ser criaturas novas! Realiza-se, então, o que o profeta anunciou: “O povo que andava na escuridão viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu. Fizeste crescer a alegria e aumentaste a felicidade; todos se regozijam em tua presença...” (Isaías 9, 1-2).
O Natal de Jesus ainda não acontece para muitos. Os que o deixam nascer em si mesmos são convidados a bater na porta do coração dos outros para apresentar-lhes a alegria de tê-lo dentro de si!


Fonte:
http://www.cnbb.org.br/site/articulistas/dom-jose-alberto-moura/8353-menino-da-gruta

Famílias preparam o Natal


Dom Canísio Klaus
Bispo Diocesano de Santa Cruz do Sul - RS

Uma das músicas indicadas para os grupos de família no tempo do Advento diz que “Famílias se unem na casa do irmão, é o povo de Deus em profunda oração”. Depois lembra que o “natal vem chegando, vamos acolher a paz que o menino Jesus vem trazer”.

A última semana do Advento nos convida a acompanhar os passos de Maria e José em busca do lugar ideal para o nascimento do Menino Jesus. A caminhada teve início com o “sim” que Maria deu ao anjo Gabriel para ser a mãe do Messias. Passou pela adesão de José ao plano de Deus e contou com a parceria de Isabel e Zacarias, os pais de João Batista. As duas famílias se uniram em oração e contemplação no momento em que Maria partiu para a região montanhosa da Judéia, entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. Foi aí que Maria entoou o Cântico Evangélico que rezamos nos nossos grupos de família em preparação ao Natal: “A minha alma engrandece o Senhor e exulta o meu espírito em Deus, meu Salvador”.

Preparar o Natal em família é uma forma de resgatar o sentido original desta festa, quando se comemora o nascimento do menino Jesus na Sagrada Família de Nazaré. É também fazer eco à campanha que a Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresa da região está veiculando durante este período, afirmando que “acima de tudo Natal é Cristo”.

Ao longo dos anos, a festa do Natal foi associada a presentes. A idéia original é que o menino Jesus é o grande presente que Deus deu para a humanidade. Em retribuição, as pessoas foram trazendo presentes para o Menino Jesus, a exemplo dos sábios do Oriente que ofereceram ouro, incenso e mirra. Para que as crianças pudessem participar da alegria do Natal, introduziu-se o costume de dar presentes para elas. Hoje, para muitas pessoas, o Natal infelizmente se resume a presentes. Ele deixou de ser a festa cristã da encarnação do Filho de Deus e se transformou na festa pagã do consumismo.

Fazemos votos de que a última semana que antecede o Natal seja aproveitada para preparar os nossos corações e as nossas mentes para acolher o Menino Deus em nossas famílias. Que seja a oportunidade de as famílias se visitarem e, se for preciso, se reconciliarem, para juntos podermos celebrar a alegria do nascimento de Cristo na noite do dia 24 de dezembro. Que o Natal deste ano sirva para unir as nossas famílias e aproximá-las das famílias de Jesus e de João Batista. Que Deus nos abençoe!

Fonte:
http://www.cnbb.org.br/site/articulistas/dom-canisio-klaus/8319-familias-preparam-o-natal

O Menino Jesus e o Papai Noel



Dom Eduardo Koaik
Bispo Emérito de Piracicaba - SP


Em tempos passados não muito distantes, Papai Noel esteve sempre relacionado ao Menino Jesus. Nos dias atuais, infelizmente, andam separados. Por toda parte onde o velhinho aparece, o Aniversariante da festa não é lembrado, mas posto fora da cena.
Sacoleiro errante, demonstrando preferências por crianças ricas, é a maneira como geralmente se apresenta. Perdeu-se no tempo sua figura original de mensageiro do Menino Jesus. Conformou-se passar por “Velho Propaganda” do consumismo, seu novo emprego. Nada mais do que um assalariado sazonal.
Colado em paredes e portas de lojas comerciais, pendurado em árvores de Natal psicodélicas, caminhando sem destino pelas ruas da cidade, o que pode significar sua imagem? Para alguns, talvez, lembre aquela felicidade nostálgica dos anos que não voltam mais. Para outros, pode representar momentos de fuga de uma vida sofrida e mergulhada em lutas sem fim. Para outros, ainda, será uma figura lendária que aparece todo fim de ano trazendo ilusões.
Pelas ondas do rádio, exibe uma voz atraente e acolhedora e, nas telas da TV, abraça e beija crianças. Viaja na internet com o nome de Santa Claus, a trazer presentes virtuais... Mas, de fato, esse Papai Noel moderno só pensa numa coisa e só trabalha por uma causa: vender, vender e sempre mais vender. Vende e dá muitos presentes. Quando vende, explora quem tem e quem não tem. Quando dá presentes para quem tem, só presentes novos e caros. Para quem não tem, presentes usados. Alheio ao sofrimento dos outros, nunca é visto chorando, mas sempre sorridente.
Na calada da noite, durante o sono das crianças, entra de mansinho nas moradias, ora descendo por chaminés, ora pulando pelas sacadas das janelas, sempre fantasiosamente esperado.
É um trabalho menos árduo do que caminhar pelas favelas. Não é hábito seu ir aonde as crianças não colocam o par de sapatinhos ao pé da cama, lá onde andam descalças e dormem no chão.
Tenho saudades do Papai Noel da “aurora da minha vida, da minha infância querida que os anos não trazem mais...”. Aquele velhinho corado, barbas brancas, faces iluminadas de carinho, sorriso aberto e braços ainda mais abertos, aparentemente parecido com esse Papai Noel de hoje. Na realidade, um bem diferente do outro.
Vinha ele, o da minha infância querida, carregado de presentes para o Menino Jesus do Presépio lá de casa distribuí-los aos grandes e pequenos e à família da empregada que passava esse dia da fraternidade conosco. Sim, era o Menino Jesus quem repartia os presentes. Costume que ainda perdura em algumas famílias, Papai Noel traz presentes e os entrega em nome do recém-nascido na manjedoura de Belém.
Revivia-se com tão expressivo gesto o pleno sentido da profecia de Isaías: “Um menino nasceu para nós” (9,5). Ele é o presente de Deus à humanidade, motivo maior de nossa confraternização, manifestada na troca de presentes nessa Noite Feliz e de Paz.
Lenda ou história, Papai Noel da minha infância querida lembrava também São Nicolau, lá do século VI, que, nas noites de Natal, percorria as moradas dos pobres, repartindo com eles as doações dos fiéis em homenagem ao Pobrezinho que nasceu em Belém.
Haverá quem nasça mais pobremente? Escreve o Apóstolo Paulo aos Filipenses, que o Filho de Deus não se apegou de modo ciumento à sua condição divina, mas, “esvaziou-se a si mesmo e assumiu a condição de servo, tomando a semelhança humana” (Fl 2, 6-7). Sua presença no meio de nós, nossa maior riqueza, foi a graça que recebemos de nos tornarmos filhos do mesmo Pai que fez de todos nós irmãos do seu Filho (Jo 1,16).
Nasceu pobremente – no sentido real da expressão – ao relento, “do lado de fora da casa, pois dentro não havia lugar para ele”. Sua Mãe “envolveu-o em faixas e reclinou-o na manjedoura de animais”, seu primeiro berço. Na predição de Isaías, é chamado de “Emanuel” (Deus-conosco) e, na voz do Anjo aos pastores de Belém, proclamado o Salvador. Só conheceu dois tronos: a Manjedoura e a Cruz. Ao perpetuar-nos sua memória na Eucaristia, transformou-os na mesa da Ceia.
Na sociedade consumista, o símbolo mais evocativo do Natal é o Papai Noel sequestrado pelas forças do poder econômico que urge delas libertá-lo. Desejamos que volte a ser mensageiro da Boa-Nova anunciada a uma Virgem de Nazaré chamada Maria: “Eis que darás à luz um filho e o chamarás Jesus”, bem como anunciada aos pastores que guardavam o rebanho nos campos de Belém: “Nasceu-nos hoje um Salvador”. Festejar o Natal ignorando o Aniversariante da festa, eis a mais triste alienação.
                Papai Noel dos tempos da internet está com outra identidade. Não é mais aquele. Não sabe mais que, um dia, sua missão foi parecida, também, com a de João Batista, o precursor. Ele “não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz” (Jo 1,27). Aos contemporâneos, alertou com severa advertência totalmente válida após dois mil anos: “No meio de vós está alguém que não conheceis” (Jo 1,26).
A alegria do Natal seria mais completa se Papai Noel testemunhasse como João Batista, a respeito do Menino Jesus, o Aniversariante: “É necessário que Ele cresça e eu diminua” (Jo 3,30).
Fonte:
http://www.cnbb.org.br/site/articulistas/dom-eduardo-koaik/8300-o-menino-jesus-e-o-papai-noel

A Imaculada Conceição da Virgem Maria


Imaculada Conceição –o dogma

Enfim, chegado era o tempo. Em 2 de fevereiro de 1849, Pio IX, desterrado em Gaeta, escreveu a todos os Patriarcas Primazes, Arcebispos e Bispos do orbe a Encíclica Ubi primum, questionando-lhes acerca da devoção de seu clero e de seus povos ao mistério da Imaculada Conceição, e seu desejo de vê-lo definido.

De um total de 750 Cardeais, Bispos e vigários apostólicos que em seu seio contava então a Igreja, mais de 600 responderam ao Sumo Pontífice. Levando-se em conta as dioceses que estariam vacantes, os prelados enfermos e as respostas perdidas, pode-se dizer que todos atenderam à solicitação do Papa, manifestando unanimemente que a fé de seu povo era completamente favorável à Imaculada Conceição, e apenas cinco se diziam duvidosos quanto à oportunidade de uma declaração dogmática. Afirmara-se a crença universal da Igreja. Roma iria falar, a causa estava julgada.

Agora - são palavras de uma testemunha da bela festa de 8 de dezembro de 1854 - transportemo-nos ao augusto templo do Chefe dos Apóstolos (Basílica de São Pedro de Roma). Nas suas amplas naves se comprime e se confunde uma imensa multidão impaciente, porém recolhida. É hoje em Roma, como outrora em Éfeso: as celebrações de Maria são em toda a parte populares. Os romanos se aprestam a receber a definição da Imaculada Conceição, como os efesianos acolheram a da maternidade divina de Maria: com cânticos de júbilo e manifestações do mais vivo entusiasmo.

Eis no limiar da Basílica o Soberano Pontífice. Circundam-no 54 Cardeais, 42 Arcebispos e 98 Bispos dos quatro cantos do orbe cristão, duas vezes mais vasto que o antifo mundo romano. Os Anjos da Igrejas estão presentes como testemunhas de fé de seus povos na

Imaculada Conceição. Subitamente, irrompem as vozes em tocantes e reiteradas aclamações. O cortejo dos Bispos atravessa lentamente o longo corredor do Altar da Confissão. Sobre a cátedra de São Pedro está sentado seu 258º sucessor.

Iniciam-se os santos mistérios. Logo o Evangelho é anunciado e cantado nas diversas línguas do Oriente e do Ocidente. Eis o solene momento marcado para o decreto pontifício. Um Cardeal carregado de anos e de méritos, aproxima-se do trono: é o decano do Sacro Colégio; feliz está ele, como outrora o velho Simeão, por ver o dia da glória de Maria ... Em nome de toda a Igreja, dirige ele ao Vigário de Cristo uma derradeira postulação.

O Papa, os Bispos e toda a grande assembléia caem de joelhos; a invocação ao Espírito Santo se faz ouvir; o sublime hino é repetido por cinqüenta mil vozes ao mesmo tempo, subindo aos Céus como imenso concerto.

Cessado o cântico, ergue-se o Pontífice sobre a cátedra de São Pedro; sua face é iluminada por celeste raio, visível efusão do Espírito de Deus; e de uma voz profundamente emocionada, em meio às lágrimas de alegria, pronuncia ele as solenes palavras que colocam a Imaculada Conceição de Maria no número dos artigos de nossa fé:

"Declaramos - disse ele -, pronunciamos e definimos que a doutrina de que a Bem-aventurada Virgem Maria, no primeira instante de sua conceição, por singular graça e privilégio de Deus Onipotente, em atenção aos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de culpa original, essa doutrina foi revelada por Deus, e deve ser, portanto, firme e constantemente crida por todos os fiéis".

O Cardeal decano, prostrado segunda vez aos pés do Pontífice, suplicou-lhe então que publicasse as cartas apostólicas contendo a definição. E como promotor da fé, acompanhado dos protonotários apostólicos, pediu também que se lavrasse um processo verbal desse grande ato. Ao mesmo tempo, o canhão do Castelo de Santo Angêlo e todos os sinos da Cidade Eterna anunciavam a glorificação da Virgem Imaculada.

À noite, Roma, cheia de ruidosas e alegres orquestras embandeirada, iluminada, coroada de inscrições e de emblemas, foi imitada por milhares de vilas e cidades em toda a superfície do globo.

Passados apenas 3 anos dessa solene proclamação, em 11 de agosto de 1858, Nossa Senhora dignou-se aparecer milagrosamente quinze dias seguidos, perto da pequena cidade de Lourdes, na França, a uma pobre menina, de 13 anos de idade, chamada Bernadete.

No dia 25 de março, Bernadete suplicou que Nossa Senhora lhe revelasse seu nome. Após três pedidos seguidos, Nossa Senhora lhe respondeu: "Eu sou a Imaculada Conceição".

O ano seguinte à proclamação pode ser chamado o Ano da Imaculada Conceição: quase todos os dias foram assinalados por festas em honra da Santíssima Virgem. Em 1904, São Pio X celebrou, juntamente com toda a Igreja Universal, com grande solenidade e regozijo, o cinqüentenário da definição do dogma da Imaculada Conceição.

O Papa Pio XII, por sua vez, em 1954 comemorou o primeiro centenário dessa gloriosa verdade de fé, decretanto o Ano Santo Mariano. Celebração esta coroada pela Encíclica Ad Coeli Reginam, na qual o mesmo Pontífice proclama a soberania da Santíssima Virgem, e estabelece a festa anual de Nossa Senhora Rainha.

Devoção a Imaculada Conceição

De onde será que vem a devoção do povo brasileiro à Imaculada Conceição? De nossos colonizadores, como veremos abaixo.

A solenidade da Imaculada Conceição, que a Igreja Católica assinala esta quinta-feira, é uma marca essencial “da espiritualidade da alma e da identidade do povo português”, defende o reitor do Santuário de Vila Viçosa, na arquidiocese de Évora.

O padre Francisco Couto assinala a data, num texto publicado na mais recente edição do semanário da Agência ECCLESIA, conjuntamente com o padre Senra Coelho, historiador do Instituto Superior de Teologia de Évora.

Os sacerdotes recordam que não se trata de “uma simples festa cristã” mas sim de uma devoção que “engloba indubitavelmente” a construção da independência nacional.

O dia da Imaculada Conceição é feriado nacional em Portugal e a Conferência Episcopal informou a Santa Sé e o Governo da sua vontade de que a data permanecesse “intocável” nas alterações promovidas pelo Executivo.

A ligação entre Portugal e a Imaculada Conceição ganhou destaque em 1385, quando as tropas comandadas por D. Nuno Álvares Pereira derrotaram o exército castelhano e os seus aliados, na batalha de Aljubarrota, e consolidaram a afirmação da identidade lusitana.

Em honra a esta vitória, o Santo Condestável fundou a igreja de Nossa Senhora do Castelo, em Vila Viçosa, e fez consagrar aquele templo a Nossa Senhora da Conceição.

A antiga igreja de Nossa Senhora do Castelo, espaço onde se ergue atualmente o santuário nacional, afirmou-se nos finais do século XIV como o primeiro sinal desta devoção, em toda a Península Ibérica.

Um segundo passo deu-se durante o movimento de restauração da independência que acabou com o domínio castelhano em Portugal e que culminou com a coroação de D. João IV como rei de Portugal, a 15 de dezembro de 1640, no Terreiro do Paço, em Lisboa.

O mesmo D. João IV, atento a uma religiosidade que também já envolvera a construção de monumentos como o Mosteiro da Batalha, o Convento do Carmo e o Mosteiro da Conceição, coroou a Imagem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa como Rainha e Padroeira de Portugal durante as cortes de 1646.

“A Solenidade da Imaculada Conceição liga dois acontecimentos decisivos na História da independência de Portugal e no contexto das Nações Europeias”, referem os dois teólogos, que recordam depois a forma como o debate e a celebração desta festividade começou a ganhar forma, no nosso país e em toda a Europa.

A Universidade de Coimbra “tem um papel importante em todo este processo”, adiantam, já que todos os seus intelectuais “defenderam o dogma sob forma de juramento solene”.

O dogma da Imaculada Conceição de Maria seria proclamado pelo Papa Pio IX, a 8 de dezembro de 1854, através da bula ‘Ineffabilis Deus’.

“De tal modo a Imaculada Conceição caracteriza a espiritualidade dos portugueses, que durante séculos o dia 8 de dezembro foi celebrado como "Dia da Mãe" e João Paulo II incluiu no roteiro da Visita Pastoral de 1982 dois Santuários que unem o Norte e o Sul de Portugal: Vila Viçosa no Alentejo e o Sameiro no Minho”, sublinham os padres Francisco Couto e Senra Coelho.

Fato curioso

Em 1823, dois sacerdotes dominicanos, Pes. Bassiti e Pignataro, estavam exorcizando um menino possesso, de 12 anos de idade, analfabeto. Para humilhar o demônio, obrigaram-no, em nome de Deus, a demonstrar a veracidade da Imaculada Conceição de Maria. Para surpresa dos sacerdotes, pela boca do menino possesso, o demônio compôs o seguinte soneto:

"Sou verdadeira mãe de um Deus que é filho,
E sou sua filha, ainda ao ser-lhe mãe;
Ele de eterno existe e é meu filho,
E eu nasci no tempo e sou sua mãe.

Ele é meu Criador e é meu filho,
E eu sou sua criatura e sua mãe;
Foi divinal prodígio ser meu filho
Um Deus eterno e ter a mim por mãe.

O ser da mãe é quase o ser do filho,
Visto que o filho deu o ser à mãe
E foi a mãe que deu o ser ao filho;

Se, pois, do filho teve o ser a mãe,
Ou há de se dizer manchado o filho
Ou se dirá Imaculada a mãe.

Conta-se que o Papa Pio IX chorou, ao ler esse soneto que contém um profundíssimo argumento de razão em favor da Imaculada.

Nossa Senhora foi a restauradora da ordem perdida por meio de Eva. Eva nos trouxe a morte, Maria nos dá a vida. O que Eva perdeu por orgulho, Nossa Senhora ganhou por humildade.

Fontes:

http://www.arautos.org.br/view/show/10793-imaculada-conceicao

http://www.lepanto.com.br/dados/ApMariaIC.html

http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?&id=88550

Salve Maria!

Estamos em construção...

 
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